8 de Março: mais que flores, uma luta por igualdade
O Dia Internacional da Mulher não é sobre homenagens vazias, mas sobre direitos, resistência e a necessidade urgente de mudanças
Todo ano, quando o 8 de março se aproxima, as mulheres recebem flores, chocolates e mensagens exaltando sua força, resiliência e beleza. O mercado se aquece com campanhas que vendem um “parabéns” genérico, reforçando estereótipos que romantizam a data. Mas o Dia Internacional da Mulher não nasceu para ser uma celebração adocicada, e sim um marco de luta por igualdade e direitos.
A origem desse dia está na mobilização das mulheres trabalhadoras que, no início do século XX, foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho, direito ao voto, igualdade salarial e dignidade. Muitas foram perseguidas, demitidas e até assassinadas por ousarem desafiar o sistema patriarcal e capitalista que lucrava com sua exploração. Hoje, no entanto, o 8 de março vem sendo esvaziado de seu significado original, transformado em uma data de homenagens superficiais, enquanto as violências e desigualdades seguem intocadas.
Por que a romantização do 8 de março é um problema?
Quando empresas distribuem flores ou oferecem brindes às mulheres enquanto pagam salários menores, desvalorizam a licença-maternidade e dificultam sua ascensão profissional, há um claro descompasso entre o discurso e a prática. Quando políticos fazem discursos enaltecendo a “importância da mulher”, mas votam contra leis que protegem seus direitos, a contradição se torna ainda mais evidente.
Flores murcham. Direitos permanecem. E são esses direitos que continuam sendo negados, apagados pelo discurso da “mulher guerreira que aguenta tudo”. Não queremos ser exaltadas por suportar sobrecarga, queremos que essa sobrecarga não exista.
O que realmente importa no Dia Internacional da Mulher?
🔸 Igualdade salarial: Em pleno século XXI, as mulheres ainda ganham menos que os homens nas mesmas funções. No Brasil, essa diferença chega a 22%.
🔸 Mais mulheres na política: Mesmo sendo a maioria da população e do eleitorado, ocupamos apenas 17,7% das cadeiras no Congresso Nacional.
🔸 Combate à violência de gênero: O Brasil está entre os países que mais matam mulheres no mundo. Somente em 2023, foram registrados mais de 1.400 feminicídios, sem contar outras formas de violência, como assédio, estupro e violência psicológica.
🔸 Divisão justa do trabalho doméstico: As mulheres continuam sendo responsáveis pela maior parte do trabalho doméstico e do cuidado com filhos e familiares, mesmo quando têm empregos formais. Essa sobrecarga impacta diretamente suas carreiras, saúde mental e qualidade de vida.
Sororidade e resistência: a luta continua
O feminismo nos ensina que a luta por igualdade não é individual, mas coletiva. Não queremos homenagens vazias, queremos direitos garantidos. Queremos um mundo onde ser mulher não signifique enfrentar barreiras extras apenas para existir e viver com dignidade.
Então, no próximo 8 de março, antes de entregar flores, pergunte-se: o que estou fazendo para que as mulheres tenham mais direitos?
O melhor presente que uma mulher pode receber é respeito, equidade e oportunidades reais. O resto é só perfumaria.
✊💜 Porque enquanto houver desigualdade, o 8 de março seguirá sendo um dia de luta.
Dora Tupinambá, jornalista, mãe, filha e trabalhadora