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Crise da BR-319 e seca paralisam fretes, provocam escassez de alimentos e comprometem a produção rural


A maior estiagem do século e o colapso da BR-319 colocam o Amazonas à beira de um caos econômico e logístico, afetando o comércio e a sobrevivência das comunidades ribeirinhas

A combinação de uma das piores secas da história do Amazonas e a precariedade da BR-319 está colocando o estado em uma crise sem precedentes, tanto logística quanto econômica. A inoperância da principal rodovia que liga Manaus ao restante do país, aliada à estiagem recorde, está criando um cenário caótico para empresários, agricultores e cidadãos, que enfrentam sérias dificuldades para manter suas atividades e garantir o abastecimento de alimentos e insumos básicos.

O setor comercial é um dos mais afetados, dependente em 83% da cabotagem — transporte fluvial entre portos. Com os níveis críticos dos rios e a paralisação parcial dos navios que vêm de Belém, os prazos de entrega, que antes variavam entre 30 e 60 dias, agora chegam a 120 dias. “Os preços dos fretes dispararam, e a crise logística está prejudicando fortemente as empresas, o que aumenta o custo de vida da população”, relatam fontes da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas).

A estiagem também comprometeu a produção rural em diversas áreas do estado, afetando diretamente a Feira do Produtor, uma das principais responsáveis pelo abastecimento de alimentos em Manaus e na região metropolitana. “Estamos praticamente paralisados. As embarcações que traziam os produtos já estão sendo obrigadas a parar, e a falta de insumos vindos do interior deixa Manaus à beira de um colapso alimentar”, alerta Renata Santos, presidente da feira.

Os produtores rurais do interior também sentem o impacto da seca, com plantações destruídas pela falta de água e enormes dificuldades logísticas. As comunidades ribeirinhas, que dependem dos rios para escoar sua produção e garantir a própria subsistência, enfrentam uma severa escassez de alimentos e água potável.

A precariedade da BR-319, que deveria funcionar como uma alternativa para o transporte de mercadorias, agrava ainda mais o problema. A rodovia em péssimo estado isola ainda mais as áreas afetadas, prejudicando a chegada de ajuda humanitária e dificultando o combate às queimadas criminosas que assolam a região.

Com o Rio Negro em um dos níveis mais baixos registrados nos últimos 120 anos, a perspectiva é que os impactos ambientais e econômicos piorem ainda mais nos próximos meses.

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