Fundo Florestas Tropicais para Sempre nasce em Belém como marco global da preservação ambiental
Lançado pelo presidente Lula, o mecanismo internacional propõe novo modelo de financiamento verde e prevê captar US$ 125 bilhões para recompensar países que mantêm suas florestas em pé
Belém (PA) – Durante a Cúpula do Clima, realizada nesta quinta-feira (6), em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF), um mecanismo financeiro internacional que pretende remunerar países que mantêm suas florestas em pé e apoiar políticas de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável.
A proposta, apresentada a líderes mundiais durante um almoço oficial, tem a ambição de mobilizar US$ 125 bilhões, sendo US$ 25 bilhões de aporte inicial de governos e o restante proveniente de investimentos privados.
“As florestas valem mais em pé do que derrubadas. Elas deveriam integrar o PIB de nossos países. Os serviços ecossistêmicos precisam ser remunerados, assim como as pessoas que protegem as florestas. Os fundos verdes internacionais não estão à altura do desafio”, afirmou Lula.
Modelo inovador de financiamento verde
O TFFF foi idealizado pelo governo brasileiro como uma ferramenta soberana, não baseada em doações, mas em investimentos sustentáveis de longo prazo. O fundo será hospedado pelo Banco Mundial e contará com um secretariado próprio, com modelo de governança considerado inovador.
O mecanismo funcionará por meio de investimentos em ações e títulos de alta rentabilidade, e os lucros serão repartidos entre os países detentores de florestas tropicais e os investidores. Segundo Lula, parte dos recursos será direcionada para programas nacionais de preservação e políticas públicas duradouras de sustentabilidade.
“O TFFF é complementar aos mecanismos que pagam pela redução das emissões de gases do efeito estufa. Será um fundo de capital misto, com investimentos de países desenvolvidos e em desenvolvimento, alavancando novas fontes de financiamento verde”, explicou.
Benefícios diretos para povos da floresta
O monitoramento das áreas preservadas será feito por satélites capazes de rastrear, em tempo real, o cumprimento das metas ambientais. Os países participantes deverão manter o desmatamento abaixo de 0,5% para garantir os repasses.
De acordo com o plano, cada país poderá receber US$ 4 por hectare de floresta conservada, valor que pode gerar bilhões de dólares em repasses anuais para regiões que mantêm biomas intactos.
Um quinto dos recursos será destinado diretamente aos povos indígenas e comunidades tradicionais, reconhecidos por sua contribuição essencial à conservação das florestas.
“Parece modesto, mas estamos falando de 1,1 bilhão de hectares de florestas tropicais distribuídos em 73 países em desenvolvimento. É simbólico que o nascimento desse fundo aconteça aqui, em Belém, cercado por sumaúmas, açaizeiros e andirobas. Em poucos anos veremos o fruto desse esforço coletivo”, afirmou o presidente.
Amazônia como símbolo global
O lançamento do TFFF reforça o papel do Brasil como líder global na diplomacia climática e da Amazônia como protagonista da transição ecológica. A iniciativa representa um passo concreto para financiar a proteção das florestas tropicais, que armazenam cerca de 60% do carbono terrestre e são vitais para o equilíbrio climático do planeta.
Ao escolher Belém como palco do anúncio, o governo brasileiro envia uma mensagem clara: o futuro climático mundial passa pela Amazônia e pelas soluções sustentáveis desenvolvidas no coração da floresta.
Foto: Agência Brasil


