Desmatamento no Amazonas cai 82% e focos de calor reduzem mais da metade, aponta Ipaam
Monitoramento por satélite e fiscalização rigorosa são apontados como principais fatores para a queda nos índices ambientais
O Amazonas registrou uma expressiva redução nos índices de desmatamento e focos de calor nos primeiros meses de 2025. Dados divulgados pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) apontam que a devastação da floresta caiu 82,91% em comparação com o mesmo período do ano anterior, enquanto os focos de calor tiveram uma queda de 65,54%.
Entre 1º de janeiro e 10 de fevereiro deste ano, foram registrados 475 alertas de desmatamento, resultando em 11,95 km² de área destruída. No mesmo período de 2024, o estado havia perdido 52,98 km² de vegetação. Já os focos de calor caíram de 194 para 67, um reflexo direto das ações de fiscalização e do uso de tecnologia para o monitoramento ambiental.
Fiscalização e tecnologia como aliados
O governo do estado atribui essa redução ao fortalecimento das ações de monitoramento por satélite e ao trabalho intensificado das equipes de fiscalização. O Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas (CMAAP), responsável pelo acompanhamento da cobertura florestal, utiliza imagens de satélite em tempo real para detectar alterações e alertar os agentes de fiscalização.

“O uso de tecnologia tem sido essencial para garantir uma resposta rápida aos crimes ambientais. Assim que um alerta é identificado, as equipes atuam diretamente na área afetada para coibir o avanço do desmatamento”, explicou Gustavo Picanço, diretor-presidente do Ipaam.
Apesar da redução significativa nos números, os órgãos ambientais reforçam que a fiscalização deve ser contínua para evitar um novo aumento nos casos de desmatamento e queimadas, especialmente durante os períodos de estiagem, quando os focos de calor tendem a se intensificar.
Áreas mais impactadas e punições
Os municípios que registraram o maior número de alertas de desmatamento neste início de ano foram Japurá, São Gabriel da Cachoeira e Novo Aripuanã. Já as cidades mais afetadas em termos de área devastada foram Humaitá, Boca do Acre e Apuí. No caso dos focos de calor, São Gabriel da Cachoeira liderou a lista, seguido por Guajará e Barcelos.
Para coibir as infrações ambientais, o Ipaam reforçou a aplicação de multas e sanções administrativas. O gerente de Fiscalização Ambiental do instituto, Rodrigo Tacioli, destacou que as multas para desmatamento ilegal começam em R$ 5 mil por hectare, podendo dobrar em casos de uso de fogo na derrubada da vegetação. Além disso, as áreas devastadas são embargadas e equipamentos utilizados na prática criminosa são apreendidos.
Compromisso com a preservação da Amazônia
A redução expressiva dos índices ambientais no Amazonas é vista como um avanço no combate ao desmatamento ilegal e às queimadas criminosas, problemas históricos que afetam a floresta e as populações locais. O desafio, no entanto, permanece.
Organizações ambientais alertam que, apesar dos números positivos, é necessário garantir que as ações de preservação sejam contínuas e eficazes, impedindo que madeireiros ilegais e grileiros voltem a avançar sobre a floresta. A transparência na fiscalização e a participação da sociedade na denúncia de crimes ambientais são apontadas como medidas fundamentais para consolidar a queda nos índices e garantir um futuro sustentável para a Amazônia.