Golpes financeiros crescem durante a quarentena do novo coronavírus
Febraban aponta alta de 44% de links maliciosos que têm como objetivo roubar dados e dar acesso a contas bancárias ou cartões de crédito do consumidor
De fevereiro para março, quando começou a quarentena, decorrente do enfrentamento ao Coronavírus, foi registrado aumento de 44% em fraude online, utilizada por criminosos no mundo da informática para roubar senhas de banco e demais informações pessoais, usando-as de maneira fraudulenta. Os dados são da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Os criminosos estão aproveitando isolamento social dos que podem ficar em casa determinado pela pandemia do Covid-19 para aplicar golpes financeiros. São links maliciosos, usando o nome dos bancos como isca para fisgar o consumidor e roubar dados e ter acesso a contas bancárias ou cartões de crédito.
Entre as mensagens, enviadas por SMS, WhatsApp e e-mail, estão: “Evite o bloqueio das suas senhas”; “Precisa de mais tempo para pagar seus boletos, sem juros?”; “Com seu cartão você tem descontos exclusivos de até 35% em farmácias e pode comprar sem sair de casa”. Os textos são sempre seguidos de links fraudulentos a serem acessados.
Dobram ataques a celular
Segundo Adriano Volpini, diretor da Comissão Executiva de Prevenção a Fraudes da Febraban, 80% dos golpes fazem uso de engenharia social. Ou seja, se aproveitam de uma situação do momento, conferem à mensagem um caráter de emergência, para levar quem está na outra ponta a clicar sem refletir.
“Eles exploram, por exemplo, o medo de perder acesso à conta, de ir à agência ou de perder benefícios fazendo com que as pessoas se esqueçam de cuidados básicos. A orientação é: pare, olhe com atenção e desconfie. Entre no site do banco ou fale com o gerente”, orienta Volpini.
A jornalista Marcelle Chagas começou a receber mensagens de SMS, avisando que sua conta havia sido clonada, logo após ter se inscrito para receber o auxílio emergencial do governo federal. “Não cliquei porque vi que o SMS foi enviado de um número de celular”, afirma.
Já o instrutor de Muay Thai Jayme Garcia se livrou por pouco de virar vítima do golpe do auxílio emergencial. Após fazer o cadastro no app Caixa Tem, recebeu mensagem dizendo que o benefício havia sido aprovado e que precisava mandar dados pessoais. Quem o alertou para a armadilha foi seu filho Guilherme Garcia. “A sorte foi meu pai ter me pedido ajuda. Se tivesse facilidade com celular, teria enviado os documentos”, diz.
Banco não manda buscar cartão
Outro golpe que voltou com força foi o do motoboy. Pai de dois advogados, um estatístico carioca aposentado de 82 anos, que não quis se identificar, caiu na farsa na segunda semana de isolamento. Com todos os seus dados na mão, uma moça ligou para confirmar uma compra no cartão, que ele obviamente não reconheceu.
Diante da negativa, orientou-o a fazer um boletim de ocorrência. Como ele não poderia sair de casa por causa do isolamento, se prontificou a mandar um motoboy buscar o cartão. “Logo que o motoboy saiu, ligaram novamente e ficaram um longo tempo com meu pai, enquanto faziam as compras e saques, um total de R$ 17 mil. Só nos demos conta quando vimos as notificações no celular, pois prenderam a linha fixa”, conta uma das filhas.
O diretor da Febraban, Adriano Volpini, alerta que o banco nunca manda buscar cartões e alerta que não há só idosos entre as vítimas do golpe “Temos visto isso acontecer com pessoas de diferentes faixas etárias, econômicas e culturais”, afirma.
Confira as dicas da Febraban e de especialistas
• Não forneça dados pessoais, senhas e informações sensíveis por telefone, e-mail, redes sociais e aplicativos de comunicação instantânea.
• Atenção: bancos não solicitam confirmação de dados pessoais relacionados a contas bancárias, senhas e cartões por telefone, SMS, e-mail ou por outros meios.
• Bancos também nunca enviam ninguém para retirar cartões de crédito. Não os entregue a ninguém. E lembre-se: para inutilizar o cartão de crédito deve-se cortar o chip no meio, não o plástico.
• Jamais forneça dados para alguém que se identificar como operador de central de atendimento.
• Faça controle periódico da fatura do cartão de crédito e do extrato bancário.
• Mantenha o sistema operacional de seu computador, tablet ou celular sempre atualizado. Além disso, é recomendável instalar programas de antivírus, inclusive, no celular, para o bloqueio de ataques.
• Evite abrir e-mail e clicar em anexos ou links enviados por desconhecidos.
[10:04, 03/05/2020] Dora Tupinambá: Comércio eletrônico ganha quatro milhões de novos clientes na pandemia e acentua crise do varejo físico
Com portas fechadas, lojistas ampliam presença on-line, e consumidores compram 30% mais na internet
Números divulgados pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) apontam um salto na venda virtual de 30% em abril na comparação com março. Obrigados a fechar as portas pelo coronavírus., os varejistas brasileiros aumentaram sua presença no comércio eletrônico em poucas semanas. Já os consumidores, impedidos de sair às ruas, compraram.
A estimativa da entidade é de que, na pandemia, o e-commerce ganhou ao menos 4 milhões de novos clientes, que devem manter o hábito depois. A tendência fortalece as plataformas de gigantes do comércio on-line, mas acentua a crise que o varejo físico já enfrentava antes.
As vendas de brinquedos registraram um crescimento bem maior, cerca de 400%, seguidas de artigos esportivos (200%) e cosméticos (80%).
Parte importante do impulso vem de pequenos lojistas que nunca pensaram em vender na rede. Como criar uma plataforma em tão pouco tempo era inviável, a solução de muitos foi usar as já estabelecidas. São os chamados marketplaces de companhias como B2W (Submarino e Americanas) e Amazon, que permitem que terceiros vendam em seus sites em troca de comissão.
Da redação, com informações da assessoria da Abcomm