Artesãs falam sobre a fabricação de biojoias exibidas em novela
Personagens da novela ‘O Outro Lado do Paraíso’ usam as peças fabricadas no Tocantins. De fonte de renda, artesanato passou a ser terapia para mulheres e virou até letra de música.
As artesãs do Tocantins, que criam bijuterias com elementos do cerrado, estão aproveitando a moda lançada pela novela ‘O Outro Lado do Paraíso’. As biojoias feitas com sementes, pedras, madeira, capim dourado e outros elementos do cerrado mostram a diversidade de matérias primas e o talento e criatividade das artesãs. (Veja o vídeo)
O que começou como fonte de renda, agora o amor pelo artesanato virou até letra de música. São brincos, colares, pulseiras. De rústicas até as mais delicadas, as peças ficaram mais valorizadas após serem usadas por personagens na novela da Globo e exibidas diariamente.
A artesã, Catiana Marques, de Ponte Alta do Tocantins, município da região do Jalapão, esteve nos bastidores das gravações da novela e passou um pouco da experiência para as atrizes que representam o povo da região no enredo. “Ensinei a Érika Januza a trabalhar a costura das mandalas e as tranças”, disse.
As peças são usadas por personagens de vários núcleos. Para a médica Tônia, personagem da atriz Patrícia Elizardo, as biojoias significam um estilo de vida, já que ela é adepta do veganismo. “A partir dessa característica da personagem a nossa equipe elaborou um figurino para não ter nada de origem animal. A Tônia só usa acessórios de capim dourado”, disse a atriz em um vídeo.
Artesãs se juntam para produzir peças e obter renda — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Enquanto isso, no Tocantins, grupos de mulheres se juntam para fabricar mais peças, como a Xambioarte, associação de artesãs de Xambioá. Alguns modelos são criados pelas próprias artesãs.
Algumas das matérias primas podem ser encontradas com facilidade em várias regiões do estado. Em um canteiro, no centro de Palmas é possível achar pés de chapéu-de-napoleão. Ele produz um fruto que lembra uma castanha, que quando colhido e tratado, assim como as sementes de Pau-brasil e de açaí, ganham cores e viram peças encantadoras.
A artesã Francisca Lima explica que as matérias primas não são arrancadas das árvores. “A gente pega as que já caíram. Que nos serve e que não vai ter prejuízo para a natureza.
O trabalho com esse tipo de artesanato deixou de ser feito apenas por causa da renda financeira. Para a artesã, Onofra Pereira, a fabricação se tornou uma espécie de terapia. “Você está trabalhando, crescendo mais e aprendendo. Deixa a gente muito a vontade. Esquece os problemas. A convivência é muito boa”, disse.