DESTAQUEMEIO AMBIENTE

Riqueza de fauna noturna da Amazônia é revelada em exposição de fotos

Busca de novas espécies de louva-a-deus era o principal foco do projeto, que revelou também a deslumbrante vida noturna da Floresta Amazônica

Com as lentes voltadas para pequenos animais e insetos, a Expedição do Projeto Mantis ao Delta do Amazonas registra a fauna que se revela quando a noite cai sobre a maior floresta do mundo e registrou espécies de louva-a-deus ainda não descritas pela ciência.

Realizada em outubro de 2021, com financiamento da National Geographic Society e apoio do Museu Emílio Goeldi, a expedição colaborativa liderada pela equipe do Projeto Mantis na Floresta Nacional de Caxiuanã, no Delta do Amazonas, no Pará, teve duração de um mês e foi apresentada evento global TED Conference, agora em Vancouver, no Canadá em abril deste ano.

A busca de novas espécies de louva-a-deus e o estudo do comportamento desses insetos — principal foco do projeto — era um dos principais objetivos da excursão, que revelou também a deslumbrante vida noturna da Floresta Amazônica.

Sapo-de-chifres-da-amazônia (Ceratophrys cornuta), que se camuflam perfeitamente no chão da floresta

Essa é a terceira grande expedição dos pesquisadores do Projeto Mantis desbravando a escuridão. “Nos últimos anos temos nos voltado à Amazônia, um caminho que surgiu naturalmente. Afinal, é a maior floresta tropical do mundo. Na busca por novas espécies de louva-a-deus, era natural que fôssemos parar lá, e nos apaixonamos”, revela o biólogo Leo Lanna, fundador do projeto.

O casal de biólogos Silvia Pavan e Pedro Peloso também fez parte da expedição. Pesquisador do Programa de Capacitação Institucional do Museu Paraense Emílio Goeldi, ele já esteve envolvido na descrição de mais de 30 espécies de animais, a maioria delas da Amazônia.

De acordo com ele, as expedições sempre acabam contemplando dia e noite, pois existem espécies de anfíbios e répteis noturnas e diurnas. “No caso da Amazônia do Poente à Aurora focamos muito nessa questão dos animais noturnos e no ambiente”, diz Peloso.

Louva-a-deus-folha-seca do gênero Metilia, encontrados na Amazônia, são extremamente camuflados 

Os pesquisadores usam a arte e da tecnologia para fazer uma foto de altíssima qualidade com equipamentos mais simples. Na mais recente expedição, utilizaram uma câmera com flash externo e um difusor de luz caseiro, que garante o fundo preto, algo característico nas imagens do Projeto Mantis.

“Treinamos muito para que cada um consiga fotografar sem precisar do auxílio do outro. Afinal, ao encontrar um bicho, é muito raro que ele mantenha um comportamento natural sob a luz da lanterna, então tem que ser fotografado rapidamente, não dá pra esperar outra pessoa vir ajudar na iluminação, por exemplo”, diz Lanna.

De acordo com ele, um close-up de altíssima qualidade pode revelar, por exemplo, a disposição de características do animal — como fileiras de espinhos, algo essencial na documentação científica e que pode acelerar e tornar mais fácil o processo de descrição de novas espécies, que em geral

Já há registros científicos, por exemplo, dos casos de uma planta carnívora e uma espécie de aracnídeo em que a fluorescência ultravioleta é importante na obtenção de alimento para a primeira e no acasalamento para o inseto.

Os organizadores do Projeto Mantis planejam uma nova expedição para o próximo ano, chamada Amazônia Atlântica, que desbravará a Reserva Biológica de Sooretama, no Espírito Santo, uma região do bioma Mata Atlântica que se suspeita abrigar espécies de louva-a-deus típicas da Amazônia. No local, os pesquisadores acreditam poder encontrar prováveis espécies novas, originárias das linhagens amazônicas que ocuparam a costa quando as duas florestas foram conectadas há milhares de anos.

Foto: Projeto Mantis

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