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Sucesso em Manaus nos anos 1970, banda Tariri ganha homenagem da cantora e sambista Tatá Jatobá

Filha de dois fundadores da banda – o flautista Alfredo Jatobá e a vocalista Jane Jatobá –  a artista grava homenagem, no próximo dia 18, na Pousada Cirandeira Bela, em Manacapuru

“Experiência política em forma de música”. É assim que é descrita a banda de rock Tariri, que fez sucesso em Manaus nos anos 70 com sua mistura de sons e luta pelas causas sociais. Diante da ausência de registros audiovisuais do grupo, mesmo frente a sua importância em defesa da Amazônia, a cantora e sambista Tatá Jatobá resolveu dar início ao projeto “Com Tayra e Tariri”, que irá contar com uma releitura das principais canções do conjunto.

Contemplada pelo edital Prêmio Encontro das Artes 2020/ Lei Aldir Blanc, promovido pelo Governo do Amazonas (por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas) e pelo Governo Federal (por meio da Secretaria Especial da Cultura), a homenagem será gravada no próximo dia 18, na Pousada Cirandeira Bela, em Manacapuru.

Filha de dois fundadores da banda – o flautista Alfredo Jatobá e a vocalista Jane Jatobá –, Tatá detalha que a Tariri surgiu do encontro de estudantes de música, que faziam questão de discutir sobre o extermínio da fauna, flora e rios, bem como sobre a internacionalização da Amazônia e a saga pela preservação dos povos indígenas.

De acordo com ela, apesar de serem um marco de luta na história local, cantando temas ainda atuais com força e beleza, há poucos registros do trabalho musical do grupo. “Eu tive a sorte e o privilégio de nascer e crescer entre eles. Então hoje, depois de anos imaginando, planejando, pesquisando e ouvindo histórias, apresentarei o meu olhar sobre a obra dessa banda precursora, que até hoje emociona”, pontua.

Além da cantora e sambista, o projeto “Com Tayra e Tariri” conta com a direção artística de Antônio Bahia, a direção musical de Arlen Barbosa, a produção de Otávio Oliveira e a cenografia e figurino de Sisi Rolim. Já a performance musical será feita em parceria com Romulo Augusto (violão), Mauro Lima (baixo), Arlen Barbosa (charango), Gabriel Lima (violino) e João Paulo (percussão).

Repertório engajado

O Grupo Tariri ficou conhecido por percorrer a capital amazonense fazendo shows gratuitos, sem apoio financeiro de entidades e empresas, que tinham como gancho discussões sobre o meio ambiente e causas indígenas. Além de Alfredo e Jane, a banda – que misturava o rock com a musicalidade e os temas da região – contou com outros membros ao longo de seus pouco mais de cinco anos de existência: Carlos Eugênio, Natacha Fink, Félix Fink, Nildete Amaral, Ronaldo Medina (Bob), Adalberto Holanda, Danilo Benarros, Pedrinho Dantas, Aloysio Neves, Regina Melo, Ronaldo Uchôa, Elson Jonhson, Elson Camarron, Cameron e Claudinha.

No repertório, não podia faltar engajamento social, cravando a importância do grupo para o cenário musical do Amazonas e a necessidade de um registro. De acordo com o produtor Otávio, a Tariri não deixou nenhum material de áudio oficial e muito menos visual, por isso, Tayra – mais conhecida como Tatá Jatobá – decidiu gravar as principais canções.

“Os pais da Tayra eram componentes e fundadores dessa banda, então ela cresceu ouvindo as canções da Tariri. Nós nos juntamos por entender que era necessário ter um registro desse grupo, até mesmo para mostrar tudo que eles representaram enquanto vozes atuantes na época da Ditadura. Não só o povo do Amazonas como todo o Brasil precisa conhecê-los”, assevera.

Com o projeto “Com Tayra e Tariri”, as faixas musicais “Codajás, “Latinizada”, “Caminhos de rio”, “Caracóis”, “Se Você Soubesse”, “Biônico”, “Para Os Olhos de Quem Quiser”, “Sanhaçu”, “Tututu”, “Olho de Peixe”, “Pirarublues” e a icônica “América” – que tem como trecho “Manchas negras nos rios/ Sangra a terra de dor/ Todos eles mortos de passo lento/ Braços cansados sem-terra e sem voz” – finalmente ficarão eternizadas na história da música amazonense.

Foto: Divulgação

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