CIDADANIA

Morre Thomas Lovejoy, biólogo que inspirou política ambiental do Amazonas

Biólogo norte-americano, conhecido pelo trabalho de mais de 50 anos na Amazônia, faleceu neste sábado (25/12), em Washington (EUA), onde morava com a família. Por meio de nota, Wilson Lima lamentou a morte do ambientalista.

O biólogo e ambientalista Thomas Lovejoy morreu neste sábado (25/12), aos 80 anos em Washington, nos Estados Unidos. A causa da morte não foi informada. O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC) em sua rede social, lamentou a morte de um dos principais nomes em defesa da preservação da Amazônia e da biodiversidade da região.

“Tive a oportunidade de encontrá-lo em visita ao Museu de Ciências Naturais de Nova Iorque, durante viagem em que participei de eventos da ONU relacionados ao meio ambiente. Ele nos apresentou o museu e destacou o potencial do Amazonas para também ter um museu científico, demonstrando todo o seu conhecimento sobre nossa biodiversidade”, disse Wilson Lima.

Para o governador, Thomas Lovejoy deixa um legado incomparável de conhecimento sobre a Amazônia para esta e futuras gerações.

“É uma grande perda para a ciência e para a Amazônia. Meus sentimentos aos familiares e amigos do doutor Thomas e meus votos para que encontrem em Deus o conforto necessário”, afirmou Wilson Lima.

Thomas Lovejoy descobriu o câncer no pâncreas, já em estágio avançado, no início de 2021. Ao longo do ano passou por intenso tratamento, que resultou sem sucesso. No último dia 21, o biólogo foi transferido para sua casa, assim como era seu desejo, onde faleceu, ao lado de sua família. 

Formado pela Universidade de Yale, Lovejoy fez a sua pesquisa de doutorado na Amazônia nos anos 60 e fincou raízes no Brasil. Em 1965, passou a desenvolver estudos sobre a floresta tropical.

Em entrevista concedida para a Fapesp em 2005, Lovejoy disse que, ao chegar ao Brasil em 1965, trabalhou no Instituto Evandro Chagas. Foi a partir daí que se envolveu de vez com a Amazônia.

Formado em biologia pela Universidade de Yale, Lovejoy foi à Amazônia pela primeira vez em 1965 para fazer o doutorado. Não saiu mais. Ao lado de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), ele ajudou a criar e, desde os anos 1970, liderava um experimento de grande escala que investiga o funcionamento de fragmentos florestais e os efeitos do desmatamento sobre a biodiversidade de espécies de animais e plantas. O trabalho, desde seu início, norteou o planejamento e criação de áreas de preservação na floresta tropical brasileira.

“Sempre fui fascinado por diversidade biológica e imaginava ter uma vida cheia de aventuras científicas. A Amazônia era esse mundo selvagem inacreditável e tropical. Era como se eu tivesse morrido e chegado ao Paraíso”, disse Lovejoy, em 2015, em entrevista concedida à Agência Fapesp.

Esse seu fascínio pela floresta tropical o levou, além da intensa produção científica, a ocupar muitas posições de destaque, nacional e internacionalmente. Thomas Lovejoy foi conselheiro para assuntos ambientais do Banco Mundial, do Instituto Smithsonian e dos governos Reagan, Bush e Clinton. Foi também vice-presidente executivo do Fundo para a Natureza da WWF e, no Brasil, foi interlocutor de vários governos para a formulação de políticas públicas. 

Foi o responsável por cunhar a expressão “diversidade biológica”, hoje de uso corriqueiro, e era considerado um dos principais líderes do movimento ambientalista. Dentre seus feitos, Lovejoy elucidou o conceito de “Tamanho Mínimo Crítico” para os ecossistemas e previu possíveis extinções em massa decorrentes da destruição ambiental.

Ao longo da sua carreira, teve vários artigos publicados pela revista Nature, uma das mais importantes do mundo. Ajudou a criar a expressão’ “diversidade biológica”. Por sua pesquisa, se tornou conhecido como padrinho da biodiversidade.

No Brasil, foi reconhecido com a Ordem do Rio Branco (1988) e a Ordem do Mérito Científico (1998).

Foto: Divulgação

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