Antonio Siemsen MunhozCOLUNAS

Houve um bom tempo no qual hackers eram apenas hackers

Por Antônio Siemsen Munhoz

Introito

O contexto era o mesmo mundo, mundo velho mundo, habitado por seres humanos e por isso mesmo, contendo escondida, no comportamento de cada um deles, uma caixa de Pandora que todos esperavam que nunca fosse aberta. Quando isto acontecia em um dos lados da balança, o lado de lá pesava bastante, fosse para o bem ou para o mal. Neste mundo que Drummond chamava velho mundo, tendo até escrito um poema sobre o termo (o poema de sete faces): onde em certo ponto ele, olhando para a amplitude do mundo que o cercava disse: “(…) mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima não seria uma solução”. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração.” Para bom entendedor é o suficiente considerando que para eles uma palavra basta e um poema pode encher seus dias vazios. Neste mundo viviam os hackers. Naquela época eles eram simplesmente hackers. Eram elementos de alta inteligência, ativos, porém nunca de forma reativa ou nociva, podendo serem considerados como elementos neutros. Eles mais utilizavam seus conhecimentos para ajudar e colaborar com aqueles que sabiam menos. Mas como tudo o que está sujeito ao comportamento humano, ele abandona a sua neutralidade e as boas e más atitudes de disseminam manifestas em suas nefastas atitudes. É claro que continuaram existindo hacker neutros, voltados para efetivação do bem.  Mas em sua volta passaram a proliferar outros tipos de hackers humanos que se criavam não apenas para o bem, mas lutando pela prevalência de suas vontades, custasse isso o que custasse para seus vizinhos.

A criação de uma taxonomia hacker

Enquanto isto atingia apenas o comum dos mortais  os prejuízos eram suportáveis. Mas com o tempo hackers, foi criada uma meritocracia do mal e hackers  que se prestassem deveriam ter atacado alguma empresa de porte com o uso dos ramsomwaresque deixavam as empresas fora do ar ou um    rastro de pessoas mais ou menos prejudicadas. Assim o universo hacker teve sua primeira divisão: continuaram a desfilar os hackers do bem, recebendo homenagens de todos aqueles que foram por eles ajudados. Porém, do outro lado da balança, do lado negro da profunda web, nasceu a segunda geração. Eram aquelas pessoas para as quais as atitudes politicamente incorretas começam a se manifestar de forma agressiva contra tudo e contra todos. Assim: bullying, fake News e outras nomenclaturas, todas elas voltadas para o mal apresentavam suas armas. A divisão foi criada, mas a força estava toda ela do lado do mal, mas o seccionamento passou a ser utilizado e tais elementos passaram a conviver, até trocando ideias, nas alamedas do mal. De atividades politicamente incorretos a nomenclatura de suas atitudes passa a ser denominadas como ciberataques, em um mundo que já passava a ser reconhecido como o mundo digital, como preconizaram algum dia Bill Gates e Nicholas Negroponte, entre outros. Alguns chamavam estes elementos de hackers brancos e hackers pretos. Eram utilizadas como nomenclatura os epítetos hackers do chapéu branco e por outro lado os hackers do chapéu preto. As suas ações que se transformam em ciberataques e aos poucos esta divisão, que passou a existir é esquecida sendo todos os considerados hackers, elementos de uma forma ou outra, ligados do desenvolvimento de atitudes politicamente incorretas, a menos que tenham sido expressamente contratados para execução de atividades voltadas para o bem (o que ainda existe, perdido em alguns lugares deste vasto mundo).

A taxonomia como gradação do cinza ao preto

Não que isto resolva muito, mas entre o mal absoluto e o bem absoluta existe uma gradação de cores, sendo que diferentes ações podem ser classificadas de acordo com o tom que identifica maior ou menor mal às pessoas sujeitas a tais atividades. Se nem todos os hackers do bem são totalmente bonzinhos é possível considerar que nem todos os hackers do mal são totalmente maus. O que ainda mantém o uso desta nomenclatura são os perfis que cada conjunto de tons pode apresentar. Eles percorrem toda a escala possível entre banditismo e heroísmo. Mal hackers e bons hackers ainda devem expandir esta taxonomia inicial. O que é importante é que saibamos dessa possibilidade e procuremos formas de defesa que não nos deixe indefesos ante o mal que está ganhando a batalha, mostrando um alto grau de vilania por detrás de suas atividades.  Esta taxonomia ganha uma simplificação. Se os hackers são do bem, acabam chamados apenas de hackers. Já os hackers do mal passam a ser chamados como crackers. Ambos têm objetivos que oscilam entre praticar o bem (hackers) ou praticar o mal (crackers). Para aqueles não classificados como brancos e pretos devido a atenuantes ou agravantes, surge como em um passe de mágica o termo hacker cinza ou, para manter a coerência, os hackers do chapéu cinza. Tal fato poderia causar surpresa, mas quando enxergamos na natureza parte da gradação entre o branco e o preto, a aceitação de tal fato passa a ser maior.

Fechando as portas de entrada

Sejam do bem ou do mal os hackers devem ser bloqueados. Ambas as situações representam atitudes politicamente incorretas que representa uma invasão, seja ela autorizada ou não. Se queremos ofender um hacker preto é só chamá-lo como script Kiddies, epíteto que identifica os hackers verdes ou hackers do chapéu verde. Eles caminham no sentido de mudança de cor, geralmente de pessoas de baixo conhecimento, a curiosos prestes a se tornarem um hacker do chapéu preto. Geralmente, a não ser com raras exceções os hackers do chapéu branco já nascem assim e assim permanecem ad aeternum. Conhecendo como conhecemos os seres humanos, pelo menos enquanto observadores atentos logo deveremos ter diferentes outras gradações, preenchendo o espectro de cores possíveis. Mais ou menos coloridos, existe toda uma bateria de proteção,  geralmente denominado indústria do vírus, que segundo as teorias da conspiração, representa os mesmos que criaram as ameaças cibernéticas (um nome mais pomposo). Não é de se duvidar de nada, quando se trata de atitudes e comportamentos humanos. Há um hacker ou um cracker para tudo, como por exemplo os hackers ativistas que podem abranger uma boa gama de diferentes cores. Justifica-se cantarolar que as coisas evoluem tanto que um dia, sabe-se lá quando, cada pessoa terá um hacker para chamar de seu e ele pode assumir o papel desejado pelo agente do bem ou do mal. O importante é levantar paredes de fogo (firewalls) e ter tantos aplicativos de defesa, quantos são os utilizados para desenvolvimento de soluções desejadas pelos usuários. Ainda não está a todo vapor, mas já traz o medo embutidos nos olhares os hackers ciberterroristas certamente um hacker preto dependendo dos olhos de quem os vê de fora. Alvíssaras são ouvidas quando a outra indústria, a dos softwares de proteção das redes sociais, comerciais ou mistas, anuncia investimentos e resultados positivos em suas atividades de proteção. Novos nomes e diferentes gradações de cores são, então, inseridas no contexto de diversão, estudos e trabalho, apresentadas por aqueles que decidiram adotar a tecnologia como sua companheira para todos os momento, incluídos os de defesa de algumas frágeis rotinas de proteção.


[1] Baseado em artigo da McAfee em https://www.mcafee.com/blogs/languages/portugues/9-tipos-de-hackers-e-as-suas-motivacoes/.

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