DESTAQUEMEIO AMBIENTE

Programa Carbono Neutro retoma plantio com previsão de 6,5 mil mudas na RDS Uatumã

Iniciativa estará alinhada ao desenvolvimento da cadeia local de óleos vegetais, trazendo espécies que oferecem matéria-prima de maior interesse econômico e ecológico

Presente no município de Apuí, no sul do Amazonas, e na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uatumã, localizada entre os municípios de São Sebastião do Uatumã e Itapiranga, o Programa Carbono Neutro (PCN) se prepara para mais um ciclo de plantio, com a previsão de 6,5 mil mudas e cinco novas famílias beneficiadas pela iniciativa. A ação marca a retomada das ações de campo do PCN na RDS do Uatumã, que estavam suspensas desde o início da pandemia, conforme as orientações da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, órgão responsável por gerir as unidades de conservação no Amazonas.

“Preservar a saúde das populações, sobretudo as tradicionais, é nossa prioridade, visto que qualquer um pode ser vetor de transmissão do coronavírus”, disse o secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira, na ocasião da suspensão.

O ciclo anual de plantio do Carbono Neutro acontece entre os meses de dezembro e março, durante a temporada de chuvas em grande parte da região Amazônica. Ainda que as atividades tenham sido retomadas nas UCs gradualmente desde agosto de 2020, a equipe do Idesam decidiu aguardar um pouco mais. O que se viu, logo em seguida, foi uma nova escalada dos casos com a segunda onda de covid-19 no Amazonas e em todo o Brasil, superando o número de casos e mortes da primeira onda da doença.

“A decisão acabou sendo a melhor para aquele período; no sentido de preservar a saúde dos técnicos e comunitários envolvidos”, afirma Victoria Bastos, coordenadora do Programa de Mudanças Climáticas do Idesam.

Na avaliação da coordenadora, o cenário deste ano é muito melhor. Não apenas pela redução dos números de casos da covid-19, mas também porque as instituições de assistência técnica estão mais preparadas e capacitadas em todos os cuidados e protocolos necessários. Victoria aponta como demandas mais urgentes a retomada das visitas periódicas e a assistência técnica para as famílias parceiras do programa.

“Além disso, estamos focando em desenvolver as cadeias de óleos para fechar o ciclo das cadeias produtivas provenientes dos sistemas agroflorestais (SAFs), pois trata-se de algo com grande potencial na região e iniciado ainda com o Projeto Cidades Florestais (PCF) ”, acrescenta.

Para esta etapa, cinco novas famílias da RDS devem ser absorvidas ao programa, que hoje já conta com mais de 40 beneficiadas. Em setembro, cerca de 15 famílias foram pré-selecionadas nas comunidades de Jacarequara, Livramento, São Francisco do Caribi, Santa Luzia e Das Pedras. As mudas também serão divididas com as famílias que já têm SAFs e desejam expandir as áreas recuperadas.

O perfil das famílias envolvidas se baseia em fonte de renda proveniente da agricultura familiar ou do extrativismo. “Miramos as famílias que mais se empolgam, acreditam e se dedicam ao projeto. As que têm alguma produção em sistemas agroflorestais e façam bom manejo ou cultivo das plantas”, afirma Victoria.

Produtor Ernesto mostra produção de cacau em seu SAF

Uma equipe do Idesam ainda promoveu, no segundo semestre desse ano, visitas a dois viveiros locais que fornecerão as mudas para os SAFs. Está programada mais uma visita de campo, com técnicos agroflorestais, para preparo dos solos e capacitação das famílias beneficiadas, bem como o cadastramento de novas famílias interessadas. Uma terceira expedição, já voltado ao plantio, deve ocorrer entre dezembro e janeiro.

Foco na RDS Uatumã

Neste ano, segundo Victoria, o plantio do PCN se concentrará na RDS Uatumã, obedecendo aos protocolos sanitários. “O foco será dado para a reserva, uma vez que, dentre os dois territórios onde o programa atua, a RDS foi a mais afetada pela falta de atividades, devido à pandemia. Em Apuí, os plantios de 2020 ocorreram normalmente, mas, na RDS Uatumã, ficamos sem visitas do programa por um ano e meio”, relata Victoria.

Nesse cenário, está nos planos ainda a expansão de um viveiro local na RDS Uatumã, em parceria com viveiristas locais, e com foco em atender uma demanda recente de mudas que possam ser aproveitadas pela nova miniusina de óleos construída na reserva pelo Projeto Cidades Florestais (PCF). As espécies selecionadas para plantio são ipê, cupuaçu, abacate, rambuntam, jaca, tangerina, cumaru, açaí, graviola, pupunha e cacau – além de andiroba e copaíba, como parte do alinhamento com a cadeia de óleos.

Da redação com informações da Sema-AM

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