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Tecnologia social do Inpa é premiada em concurso que busca soluções para uma nova bioeconomia na Amazônia

Desenvolvida pelos pesquisadores Francisca Souza e Jaime Aguiar, tecnologia aproveita cabeças, carcaças, peles e vísceras de peixes amazônicos para a produção de farinha e gelatina, entre outros produtos funcionais

Farinha de fígado de peixe e gelatina de peles e ossos são alguns dos produtos funcionais que podem ser feitos a partir de resíduos de peixes nativos da Amazônia que na maioria das vezes vão parar no lixo. A alternativa tecnológica desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI) venceu a 4ª edição do Prêmio SDSN Amazônia 2021 – Soluções para uma Nova Bioeconomia Amazônica.

A solução minimiza os impactos ambientais gerados por cabeças, carcaças, peles e vísceras do pescado nas diferentes etapas da cadeia produtiva da piscicultura e ainda gera renda para os produtores.

O projeto “Sustentabilidade da cadeia produtiva do peixe com o uso de resíduos para a produção de suplementos funcionais” foi desenvolvido pelos pesquisadores Francisca Souza e Jaime Aguiar, vinculados à Coordenação de Sociedade, Meio Ambiente e Saúde (Cosas) e líderes dos Laboratórios de Alimento Funcional e Físico-química de Alimentos.

A tecnologia utilizou resíduos de jaraqui (Semaprochilodus spp), aruanã (Osteoglossum bicirrhosum), tambaqui (Colossoma macropomum) e pirapitinga (piaractus), adquiridos em feiras e supermercados, para a elaboração de produtos funcionais que podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população da região, uma das maiores consumidoras de peixe do Brasil.

Para a pesquisadora Francisca Souza, receber o Prêmio SDSN Amazônia, que é voltado para incentivar a criação de uma economia verde, valorizando a floresta, os povos que nela vivem e seus produtos, representa o reconhecimento do trabalho.

“No momento em que a sociedade caminha rapidamente para a valorização da economia e incentiva a sustentabilidade, iniciativas como essa referendam as nossas diretrizes junto aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.  E esse reconhecimento demonstra que estamos no caminho certo, reforça que o trabalho executado até aqui contribuiu de alguma forma para as soluções voltadas para a Economia Verde e Bioeconomia da Amazônia”, disse a pesquisadora Francisca Souza, que é formada em Química, mestre em Ciências de Alimentos e Doutora em Biotecnologia.

A partir dos resíduos do pescado, foram desenvolvidas gelatina, farinha de fígado e sopa, que são produtos nutritivos e ricos em aminoácidos. A farinha de fígado tem uma vantagem a mais, podendo auxiliar na suplementação de anemia ferropriva, um tipo de anemia que acontece devido à falta de ferro no organismo. Para a obtenção da gelatina, os pesquisadores utilizaram o processo de extração acida-e básica (processo de neutralização) e para as farinhas a desidratação.

De acordo com a pesquisadora, os subprodutos separados durante o processamento de peixes chegam de 50% a 70% da massa de matéria-prima (parte aproveitável, comercial) e cerca de 30% consistem em cabeças, carcaças, pele e vísceras que podem ser aproveitados para a produção de outros subprodutos, reduzindo o impacto ambiental dessa atividade. “Peles e ossos do pescado, que contém uma elevada quantidade de colágeno, podem ser utilizados para a manufatura de gelatina e farinhas, representando uma alternativa de aproveitamento comercial destes resíduos”, destacou.

A recuperação de compostos que são desperdiçados continuamente traz um avanço significativo na manutenção do equilíbrio do meio ambiente, por reduzir o impacto causado pelas grandes quantidades de resíduos gerados e que representam sérios problemas de armazenagem, transformação e eliminação, além de impactos ecológicos e econômicos.

Prêmio SDSN Amazônia 2021

Essa é a quarta edição do prêmio que, neste ano, tem o tema “Soluções para uma nova bioeconomia Amazônica”, com o objetivo de reconhecer projetos viáveis que valorizem a floresta, seus povos e produtos sustentáveis. Os cinco projetos selecionados para a final, incluindo a tecnologia social do INPA, são iniciativas implementadas na região da Pan-Amazônia. Para mais informações, acesse o site: Prêmio SDSN Amazônia | SDSN Amazônia (sdsn-amazonia.org).

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