CACHO DE UVAS

Periquita, taí um vinho “portuga” pra toda gente degustar.

Por Humberto Amorim

Em Portugal a fama e o consumo do vinho da uva popularmente chamada  pelos portugueses de Periquita é tão grande que é quase considerado como um vinho de mesa, só que produzido com uvas viníferas Vitis vinifera. Para quem ainda não sabe, os vinhos de mesa em geral são produzidos com as uvas viníferas de uma espécie de videira de origem americana, que produz excelentes frutos para consumo in natura e para a produção de sucos e geleias. Vinhos finos são elaborados com as uvas da espécie de videira Vitis Viníferas. Existe um outro detalhe importante que serve para gerar o orgulho lusitano. O vinho da uva periquita foi também o primeiro vinho tinto a ser engarrafado em Portugal. Esse feito reflete a originalidade e, justifica claramente a sua presença nas mesas dos portugueses desde 1850. Esse vinho me foi revelado durante um passeio noturno, a pé, pelas ruas de Lisboa em 1982, após a realização de um jantar promocional do turismo do Amazonas para agentes de viagens e jornalistas lisboetas organizado quando eu estava Diretor de Turismo da Empresa Amazonense de Turismo – EMAMTUR – que tinha na presidência meu saudoso amigo Ítalo Bianco. O rótulo com a palavra Periquita me chamou a atenção, despertou minha curiosidade levemente “maldosa”. Durante conversa amigável com o garçom português, recebi alguns detalhes sobre a uva periquita e do vinho com ela elaborado. O gajo me disse que o vinho Periquita é o  português mais vendido no mundo. Lembrei-me dessa informação recentemente e fui atrás dos fatos. Confirmei que o vinho Periquita é produzido pela tradicional vinícola portuguesa fundada por José Maria da Fonseca, e permanece como negócio familiar que continua de vento em popa há quase dois séculos. A vinícola produz vinhos desde 1834 e é mantida pela paixão partilhada pelos membros da sexta geração da família, que seguem preservando e projetando a memória e o prestígio do seu fundador. O empreendimento é também a mais antiga produtora de vinho de mesa e Moscatel de Setúbal em Portugal, e tem contribuído ao longo dos anos, sempre voltada para o aprimoramento amparado pelo saber tradicional, para a divulgação e o prestígio dos vinhos portugueses. 

A uva do tipo Castelão, apelidada de “Periquita”, foi usada até 2001 na produção do vinho Periquita. Desde então a vinícola passou a compor o vinho como um “blend” de 3 uvas, Castelão, Trincadeira e Aragonez, todas cepas nativas da península Ibérica. A Castelão continua correspondendo pela maior parte do corte, a mistura deixou o vinho mais suave e fácil de beber.

O vinho produzido na Cova da Periquita desde logo provou ser o melhor da região dando origem a que os outros proprietários pedissem a José Maria da Fonseca varas daquela casta para plantarem nas suas próprias propriedades. Desta forma, o vinho tornou-se conhecido em Azeitão como o vinho da Periquita, passando a ser comercializado por José Maria da Fonseca como Periquita.

EM MIÚDOS – Em relação a  diferença da qualidade entre os vinhos finos e de garrafão, a vantagem dos  finos em relação aos de mesa é grande. Os primeiros são, em geral, límpidos e brilhantes, lembrando frutas, notas florais e uma infinidade de outras percepções (tanto no olfato quanto no paladar), enquanto os segundos costumam ser opacos, com aromas fortes e sabores simples.

MINHA DICA: Harmoniza o Suco da Bíblia Periquita com filet alto, carne assada de panela ou um tradicional bife acebolado com feijão, arroz, e uma deliciosa farofa de ovo. Depois me fala.

SABEDORIA: “É necessário somente uma garrafa de vinho para que um frango assado se transforme num banquete” Gerald Asher, negociante de vinhos.

Pular para o conteúdo