CACHO DE UVASDESTAQUE

Na vinícola boutique, tudo é exclusivo, tudo é bom demais

Por Humberto Amorim

Mencionei algo em artigo anterior, sobre “ vinícola boutique” e não escapei do questionamento de alguns leitores sobre o significado do termo. Muito bem, para me redimir vamos à esse tema que considero muito interessante.

BOUTIQUE é uma palavra de origem francesa, muito usada para qualificar vários tipos de comércio aqui no Brasil. Por definição a butique (como se escreve no português brasileiro) é “um estabelecimento comercial, normalmente, pequeno caracterizado pela venda de artigos requintados, roupas finas, joias ou bijuterias particulares, especializadas ou importadas.  Você deve estar se indagando agora: mas o que isso tem a ver com os Sucos da Bíblia? Calma! Você vai já entender. Continue lendo. Primeiro me responda mentalmente. Já ouviu falar em Vinícola Boutique? Já? Não?  Essa história de Vinícola Boutique começou nos anos 90, depois que o jornalista crítico de vinhos Michel Bettane publicou um artigo na revista “Revue des Vins de France” fazendo menção ao “vinho produzido na garagem” e, nessa ocasião, teceu elogios aos “vins de garage” que o francês Jean-Luc Thunevin produzia em sua casa. Vinícola butique virou o termo que passou a ser empregado por aqueles que produzem, de forma artesanal, vinhos em sua residência.

Um dia, turistando pelo Vale dos Vinhedos apareceu no meu caminho a Vinícola Lídio Carraro, uma autêntica “vinícola boutique brasileira”.

Minha gente, depois que fui recebido pela filha do dono, e enóloga do pedaço, Patrícia Carraro, da quinta geração familiar que me revelou com graça, beleza e simpatia a fascinante história da família Carraro que chegou em Bento Gonçalves na Serra Gaúcha em 1875, meu encantamento por essa vinícola e seus vinhos permanece até hoje.

Patrícia me explicou que o diferencial do conceito boutique começa pelo tamanho da produção desse tipo de vinícola. A Vinícola Boutique Lídio Carraro foi uma das primeiras do Brasil a abraçar esse conceito e hoje, se destaca no mercado nacional e internacional pelos vinhos de qualidade que produz.

Um item levado em conta para a formação do conceito de vinícola boutique diz respeito ao charme que ela possui em ser gerenciada por uma família, mesmo que através de gerações, ou seja, não existem muitos empregados fixos que não os membros da família do (a) dono (a) da vinícola. E por família muitas vezes, entenda ao pé da letra mesmo, parentes diretos como pais e filhos, são aqueles que executam todas as tarefas do dia a dia. A convocação geral para mão de obra temporária externa, geralmente ocorre na época da vindima.

Outra característica para esta definição é que esse tipo de vinícola foca na produção de vinhos mais complexos, deixando de lado os vinhos considerados mais fáceis de beber. Os chamados vinhos utilitários. Evidentemente o alvo por trás de tudo é o cliente que já tem algum conhecimento de vinhos e procura sempre expandir o paladar, e está buscando vinhos mais complexos e desafiantes. Tem outra coisa importante nisso. Os vinhos são a expressão da grande paixão do produtor e familiares pelos nobres fermentados.

Interessante é que alguns dos vinhos produzidos só estão disponíveis na própria propriedade, ou através da boca a boca na região em que se encontram. Em outras palavras, você só irá comprar para degustar esses vinhos se estiver passeando pela região.

Uma outra curiosidade que eu consegui identificar durante minha visita é que estas vinícolas trabalham com uma ou outra casta que não é muito comum na região e/ou país. A Lídio Carraro por exemplo, está batendo um bolão com a Tannat. O vinho dessa casta já foi medalhado e reconhecido internacionalmente.

Conclusão final – O conceito vinícola boutique tem contribuído sensivelmente para evolução constante da qualidade dos vinhos brazucas.

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