CACHO DE UVASDESTAQUE

Idade e taças de vinho nunca deveriam ser contadas

(Provérbio Italiano)

Por Humberto Amorin

Certa vez participei de uma degustação de vinhos finos muito ”unique” que incluiu o time completo das delícias do Mundo Vínico, desde os espumantes, frisantes, cavas, deutscher sekt, verdes, brancos, tintos, rosés, (só não vi o vinho azul, e o vinho laranja que hoje em dia têm despertado a curiosidade dos enófilos), até o exclusivo vinho doce de sobremesa tokaji aszú da Hungria. Foi simplesmente fenomenal!

Mas, uma coisa capturou minha atenção logo ao adentrar o magnífico salão no qual foi realizado o evento. A visão de dezenas de taças, e copos cristalinos de diferentes designs, perfeitamente alinhadas em cima de uma plataforma artisticamente decorada para a ocasião, estimulou todos os meus sentidos.

Na companhia de especialistas brasileiros, estrangeiros, e enófilos de todo canto do planeta vinho, desfrutei, avidamente, de uma por uma, todas as agradáveis revelações daqueles instantes inesquecíveis. 

Vou falar só pra ti. Todas as vezes que os enófilos decidem degustar os deliciosos Sucos da Bíblia, faz parte, passar por instantes marcados pela beleza e contato com as delicadas peças nas quais jorram os líquidos deliciosos, aromáticos e coloridos que saem das garrafas.

Pra começar bem a conversa vamos tirar do caminho o óbvio e ululante, como diria o dramaturgo Nelson Rodrigues. Taças e copos são fabricados com vidro ou cristal e, apesar de algumas similaridades, existem muitas diferenças entre esses dois utensílios domésticos. Entretanto, não se deixe enganar, os formatos podem ser diferenciados, mas a função é a mesma. A primeira diferença notável é que os copos são mais pesados que as taças. As taças são mais leves e sonoras, principalmente na hora do charmoso “tim,tim” do brinde.

Os copos são bem antigos e circulam entre os humanos há mais tempo que as taças com hastes. As taças são mais atuais e seguem designs arrojados. Agora, convenhamos, deixando de lado o “glamour,” cá entre nós, tudo é copo. Concordas comigo?

A jornalista Carla Borges realizou uma pesquisa sobre diferentes tipos de recipientes para bebidas. Acho interessante compartilhar o que ela colheu.

Taça tulipa: nome popular do copo pilsener, a taça é indicada para servir cervejas do tipo pilsen. Seu desenho proporciona a formação de um colarinho cremoso e direciona o aroma do lúpulo diretamente ao nariz.

Copo weizen: o copo weizen é recomendado para a apreciação das cervejas de trigo e, por ser bastante alto, comporta até 500 ml de bebida. O formato permite a correta expansão da espuma e a visualização das cores da cerveja 

Copo suco: o modelo de copo para sucos mais comum se assemelha ao copo long drink, porém é um pouco mais largo e baixo. O recipiente tem capacidade para aproximadamente 300 ml de bebida, com acréscimo ou não de pedras de gelo.

Copo shot: com capacidade de 35 a 60 ml de bebida, facilitando a ingestão em apenas um gole, esse copinho é utilizado para servir tequila, rum, vodca, cachaça e outros destilados. 

Copo cachaça: conhecido popularmente como miniamericano, o copo para cachaça se diferencia do modelo shot apenas pelo desenho. O pequeno recipiente comporta de 45 a 60 ml da bebida e facilita a ingestão em apenas um gole

Taça água: como a água não possui sabor que possa ser alterado com o tempo, a taça é utilizada, apenas, para oferecer o máximo de elegância ao consumir do líquido. 

Taça para degustação de vinho: o formato da taça segue o padrão ISO (International Standard Organization) que possibilita a adequada degustação de todos os tipos de vinhos. Com capacidade reduzida, boca estreita e haste mais curta, seu desenho favorece a oxigenação e a retenção dos aromas da bebida.

Taça de vinho tinto: o vinho tinto precisa de contato com o oxigênio, para que possa “respirar” e, assim, liberar os seus aromas e sabores. Para que a oxigenação aconteça, a taça tem o bojo mais largo e deve ser preenchida até um terço de sua capacidade. Vale lembrar que existem modelos específicos para alguns tipos de uva usados na produção dos tintos, um bom exemplo é a taça Bordeaux.

Taça para vinho branco: a taça é menos longa do que a de vinho tinto, pois o vinho branco deve ser consumido gelado e em um recipiente menor, que permita o mínimo de troca de calor com o ambiente. A boca estreita faz com que a bebida chegue à língua em bom equilíbrio de doçura e acidez, ponto importante para a apreciação.

Taça para Vinho do Porto: a taça para servir vinho do Porto tem formato parecido com a taça para tintos, porém é bem menor. Esse tipo de vinho precisa ser aerado, mas deve ser servido em pequenas doses, como um licor. O desenho da taça permite que o gosto da bebida fique na ponta da língua. 

Taça para vinho espumante: a taça para espumante tem a haste longa, para evitar que a temperatura da mão aqueça a bebida. O formato longo e a boca estreita garantem a permanência dos aromas e da ‘perlage’, ou seja, das borbulhas formadas pelo gás carbônico. Os enófilos adeptos à sofisticação costumam chamar essas taças de “flutes”. Alguém aí já viu a nova taça “flute” com  novo design que chegou para substituir o atual? Lindíssima!

Taça licor: como o licor é uma bebida doce e espessa, a taça para servi-lo deve se de tamanho médio a pequeno. O formato favorece que o líquido seja consumido em pequenos goles.

Taça margarita ou coupette: a coupette é mais conhecida como Margarita, porque é usada para tomar esse clássico coquetel, preparado com tequila, suco de limão e licor. Antes de servi-lo, a borda da taça é decorada com sal. No entanto, seu desenho possibilita servir outras bebidas bem geladas ou ‘frozen’, em quantidades acima de 200 ml.

Taça martini ou coquetel: a haste longa da taça evita que a temperatura da mão esquente o líquido. Como o próprio nome diz, é utilizada para servir Dry Martini (gim e vermute seco com um twist de limão, uma folha de hortelã ou uma azeitona verde em um copo hipergelado), mas pode comportar outros coquetéis. Sua forma (Y) agrega charme à bebida.

Pera aí, quase me esqueço! Existem também outros copos que não entraram na lista da Carla Borges, mas que entram na minha pois eram bem populares na minha infância. São os copos de requeijão, de azeitona, e de geléia de mocotó que circularam no dia a dia da cozinha, e sala de jantar da minha mãe Arlete Botelho, e ainda circulam pelas mesas de muitas famílias brasileiras. Sobre eles acho que os detalhes são dispensáveis, ou não?

Minha dica –  Se tiveres 1.000,00 reais sobrando na tua conta bancária, recomendo comprares um par das famosas taças de cristal da Riedel para abrilhantar as ocasiões pra lá de especiais na tua vida. Que achas?

Em miúdos – Pede para alguém que sabe, te ensinar como segurar corretamente uma taça de vinho pela haste. Não faz como os americanos que seguram a taça pelo bojo. By golly! Se fizeres, a temperatura do vinho cai, e o charme natural vai junto.

Curiosidade – A Taça de Champagne Maria Antonieta foi moldada por solicitação de Sua Alteza Real na forma de seu seio, para que a corte pudesse brindar e beber em sua honra.

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