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Cuidado com a sexta onda: Ela pode afogar você

Por Antonio Siemsen Munhoz

De tempos em tempos a cadeira onde está a zona de conforto de cada pessoa pode ser fortemente abalada. Pode ser agitada e até cair. Estamos na proximidade de uma nova onda, denominada sexta onda de evolução tecnológica. Conheça um pouco mais sobre ela.

O que vem por aí?

Já enxergamos seus ruídos. Como sempre elas prometem coisas boas, mas esquecem de alertar para o que de ruim pode vir a acontecer para alguns. Desta forma é necessário recomendar tomar todo o cuidado necessário com estes intensos movimentos, similares a um terremoto imergindo das profundezas, provocando grandes tsunamis. Durante o casamento tecnologia e técnicas administrativas, um dos primeiros a trabalhar com este fato foi Schumpeter[1], considerado o pai de muitos filhotes considerados como melhores técnicas econômicas e  administrativas, tido e havido como um dos principais economistas do século passado. A teoria que ele utilizava foi a responsável pelos ciclos de expansão  retração nas empresas.

Onde tudo começou?

Possivelmente em seu quarto de estudos, de onde surgiram grandes mudanças, em uma grande escrivaninha, cheia de riscos e rabiscos. Em uma noite de possível tempestade ele tirou, tal e qual retiram os mágicos, um coelho da cartola. Claro que a consequência foi o surgimento de uma teoria: a cada 60 anos, mais ou menos, o mundo passa por um estado de expansão e retração. Na época não existia internet como a conhecemos atualmente, por isso a divulgação aconteceu lentamente entre os pares acadêmicos, enfrentando grande perfil resistente dos administradores da época. Mas, mesmo com tal rapidez, sua teoria inicial recebeu o nome de: ciclos de Kondratieff ou ondas de Kondratieff. Eles eram anunciados por grandes inovações tecnológicas que atuavam na mudança do desenvolvimento do sistema capitalista.

Como ela age?

Com tais ondas o autor queria explicar que as inovações tecnológicas podem, como assinalamos no parágrafo inicial retirar a economia do seu estado de equilíbrio, provocar uma expansão, seguida da estagnação e retração, até que a próxima onda viesse a repetir o processo. É claro que precisamos saber que ondas foram estas e onde estamos agora. De forma simples podemos considerar que tudo começou com a revolução industrial, a segunda segue com o surgimento da energia à vapor e as estradas de ferro. Chegamos à terceira com a companhia ilustre da eletricidade e combustão interna. A insaciedade do ser humano fez com que, em um curto tempo chegássemos à quarta onda, onde a produção em massa foi inutilmente combatida por todos os sindicatos existentes. Para evitar que o estado de marasmo se estendesse, logo, logo chegamos até a quinta onda, recheada de cantos e encantos pelas TIC – Tecnologias da Informação e comunicação. Durante muito tempo eram NTIC, com o novas atingindo exaustão. Desta vez sem a criação de uma nova onda, ainda vivenciamos as redes digitais e a biotecnologia, onde estamos parados, com uma série de impactos éticos impedindo a chegada de uma nova onda: a sexta onda de Kondratieff. Ela ainda não chegou, ou chegou e está escondida, para que uma mudança de nome, tudo a mudar tudo e exigir novos comportamentos.

O encurtamento dos ciclos

Mas como tudo muda, tudo mudará, segundo qualquer poeta  que se preze, a aceleração acelera a própria aceleração e os ciclos que começaram de 60 em 60 anos, hoje são considerados como alterados de 60 para 50, de cinquenta para quarenta, sem ninguém saiba quando ou até onde esta onda permanecerá. As ondas vão engordando o pacote de mudanças. Não há substituição senão uma soma de marcos anteriores absorvidos pela onda atual. Ela chega no meio de uma enxurrada de siglas e abreviaturas. IA = Inteligência artificial (que causa medo tal e qual aquela palavra que ninguém quer ouvir ao sair de um consultório médico). Deep Learning; realidade virtual, redes digitais. Elas prenunciam o final da quinta onda e a chegada, sem muito alarde, pois seus autores aprenderam a driblar o fator resistência, que existe e sempre vai existir.

A sexta onda de Kondratieff

Há outros que consideram que o possível esgotamento da capacidade humana está próximo, algo difícil de aceitar quando se olha a pequena quantidade de anos que separa o homem da idade da pedra, do homem da idade atual. Ela traz consigo, para não perder a forma, um nome particular, que virá a torná-la diferente de tudo. Ela será a onda da inovação, representada com honras e glórias pela sustentabilidade corporativa, colocada como a Deusa no altar onde são depositadas as esperanças. Tudo preparado para que a sustentabilidade corporativa seja o novo modelo econômico. A tecnologia e a necessidade de uma nova cidade, de novos espaços urbanos, de novas atividades a serem desenvolvidas pelas pessoas, devem formar um rolo compressor, principalmente frente à fragilidade demonstrada pelo ser humano em tempos de pandemia e da perda da luta das pessoas frente à politicagem. Este talvez venha a ser o principal fator resistência a enfrentar. Formação permanente e continuada deve estar colocada no horizonte de cada um de nós.


[1] Economista responsável pelo início de diversas inovações disruptivas nas empresas.


Antonio Siemsen Munhoz é Doutor em Engenharia de Produção, Bacharel em Engenharia Civil, Especialista em Tecnologias Educacionais, Pós-graduado em Gestão Eletrônica de Documentos, com MBA em Design Thinking

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