DESTAQUEREGIÃO AMAZÔNICA

Achados arqueológicos em Santarém revelam a intensa ocupação da área em tempos remotos

Mais de 30 mil materiais cerâmicos, 66 mil de materiais líticos e cerca de 400 fragmentos de ossos de animais foram resgatados em 89 unidades de escavações

Ana Celia Ossame

Achados arqueológicos de mais de 30 mil materiais cerâmicos como vasos, lâminas de machado e ferramentas, usadas provavelmente como armas ou para ralar mandioca, no Sítio Porto, às margens do Rio Tapajós, no bairro de Salé, em Santarém (PA), despertam a atenção para a riqueza e a importância arqueológica daquela área.

Um trabalho de resgate em campo vem sendo realizado desde o mês de novembro passado por uma equipe da empresa Inside Consultoria, especializada nesse tipo de atividade.

“Os achados revelam que essa era uma de habitação, inclusive encontramos vasos, quatro grandes urnas enterradas, o que coadunam com as informações etnográficas do enterramento de urnas no fundo das ocas”, explicou o arqueólogo e jornalista Edvaldo Pereira, que coordena o trabalho de resgate no sítio encontrado em Salé.

Ao todo, segundo ele, o trabalho abriu 89 unidades de pesquisas, ou seja, buracos grandes cavados com cuidado para não atingir peças que por acaso estejam íntegras, fato difícil de acontecer por conta da grande exploração da área, que é de Terra Preta de Índio (TPI).

Achados

Além dos 30 mil fragmentos de cerâmica, foram resgatados 66 mil de materiais líticos, oriundos da rocha e cerca de 400 fragmentos de ossos de animais, provavelmente usados para alimentação dos índios que habitavam aquela região.

A importância do material, de acordo com Edvaldo, ultrapassa os limites de Santarém. “É sítio de alta importância não só para cidade de Santarém, mas no contexto arqueológico no Brasil” explicou o arqueólogo, para afirmar que Santarém está para arqueologia brasileira da mesma forma como México está para arqueologia americana.

Um laudo está sendo elaborado para permitir que uma empresa seja instalada no local e amplie a necessária exploração. “Este terreno pela primeira vez está sendo explorado, mas é um local usado para embarque e desembarque de mercadorias, de muito isso, portanto, muito alterado, mas com potencial importante para a pesquisa”, finaliza Edvaldo.

O material coletado vai ser encaminhado para a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), para análises que abrirão, no futuro, leques possibilidades de pesquisa para mestrado e doutorado.

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