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Diagnóstico precoce de câncer evita amputação de pênis de pacientes, alertam especialistas

No Amazonas, a doença atinge principalmente homens entre 21 a 55 anos, devido à falta de informação e higiene. Na FCecon são registrados, em média 15 casos de câncer de pênis ao ano

O diagnóstico precoce do câncer pode evitar a circuncisão e/ou a penectomia, retirada parcial ou total do pênis, que traz consequências físicas, sexuais e psicológicas ao homem. O câncer de pênis é causado pelo Papilomavírus Humano (HPV), de alto risco e está associado a outros fatores, como a fimose e a não higienização adequada. O alerta é do urologista da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Giuseppe Figliuolo.

Giuseppe Figliuolo alerta que o diagnóstico precoce é fundamental para evitar a evolução do tumor

“O HPV oncogênico associado à fimose e não higienização (acúmulo de esmegma/secreção na glande do pênis) pode levar ao desenvolvimento de lesões precursoras e, quando não tratadas em tempo hábil, ao aparecimento da doença. Dependendo da evolução do câncer, são indicadas a circuncisão – uma cirurgia menor – e a penectomia, sendo essa mais invasiva e traumática para o homem”, afirma Figliuolo, chamando atenção dos homens para os cuidados com saúde, objetivo da campanha Novembro Azul.

De acordo com o especialista, normalmente, as pessoas relacionam HPV apenas ao câncer de colo de útero. Todavia, esse vírus também causa o de pênis, ânus, vagina, vulva, orofaringe e boca. Ele alerta que o diagnóstico precoce é fundamental para evitar a evolução do tumor.

A população mais propensa a desenvolver esse tipo de doença é de homens com 50 anos ou mais. No Brasil, o câncer de pênis é mais comum nas regiões Norte e Nordeste, representando 2% de todos os tipos de câncer que atingem os homens, segundo o Ministério da Saúde (MS).

O médico urologista destaca que é possível preservar o coto peniano, quando o câncer é diagnosticado na fase inicial e, assim, o homem consegue manter a atividade sexual. Ele diz que, nos casos avançados, com o comprometimento do pênis, é feita a amputação. “Hoje, entretanto, a maioria das cirurgias consegue preservar a haste peniana e a vida sexual do paciente”, pontua.

Pesquisas

E especialista Valquíria Martins, afirma que a pesquisa tem grande impacto na definição de estratégias na prevenção e tratamento do câncer de pênis

A pesquisadora da FCecon, a farmacêutica-bioquímica Valquíria Martins, afirma que atualmente na unidade hospitalar há cinco estudos sobre câncer de pênis, os quais visam compreender e propor soluções para o diagnóstico, prevenção e tratamento da doença no Amazonas. Ela diz que alguns desses trabalhos também tratam sobre a qualidade de vida de pacientes que passaram pela circuncisão ou penectomia.

“São pesquisas desenvolvidas tanto por pesquisadores vinculados à Diretoria de Ensino e Pesquisa quanto por outros setores, por exemplo, o de Psicologia, que trabalha na qualidade de vida e tratamento do paciente que teve o pênis amputado. O conhecimento acumulado dessas pesquisas pode ter grande impacto no delineamento de estratégias na prevenção e tratamento desta neoplasia”, pontua Martins.

 Sintomas

São sinais de alerta: tumoração na glande (cabeça do pênis), na pele que encobre a glande, no corpo do pênis, secreção branca constante e aumento anormal do tecido da glande. Ao observar esses sintomas, o homem deve procurar avaliação de um médico urologista.

Diagnóstico

É feito através de análise clínica e biópsia – retirada de fragmento para análise patológica –, que determinará o tipo de câncer a ser tratado.

Tipos de câncer – Além do carcinoma de células escamosas, há outros tipos de câncer de pênis, como o melanoma (mais associado à pele – prepúcio) e o carcinoma basocelular (também de pele, mas de crescimento mais lento, que geralmente não se dissemina para outras partes do corpo).

Fotos: Luís Mansueto (Valquíria Martins) e Divulgação (Giuseppe Figliuolo)

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