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Rolezinhos: De brincadeiras à atividades criminosas

Por Antônio Siemsen Munhoz

Muitas coisas que nascem como inocentes brincadeiras, acabam por se revelar armas nas mãos de pessoas despreparadas e são transformadas em atividades criminosas. Conheça um pouco mais da história dos rolezinhos. E pense duas ou mais vezes antes de responder positivamente ao convite – vamos fazer um rolezinho?

O que é um rolezinho visto pelo lado do bem?

Vamos considerar (meio a contragosto) que um rolezinho pode representar algo inocente, tal e qual convidar amigos ou amigos para um pequeno passeio, não importa para onde eles se dirijam e combinem um encontro. Estes encontros podem ser virtuais, acontecendo nas esquinas da internet, a grande rede, ou marcados como encontros reais a serem efetivados em alguma localidade física. Os dois tem o mesmo potencial negativo. A coisa começa a mudar de figura quando estes contatos são multiplicados e começam a permitir a reunião de um grande número de pessoas. Todos sabemos (também a contragosto) que tais encontros nunca terminam bem e muitas vezes um grande número de pessoas passa a ser utilizada como massa de manobra, inocentemente utilizadas por aqueles que estão por detrás das reais intenções destes encontros. O termo é normalmente usado em seu diminutivo, como se fosse para aumentar o revestimento de inocência, aparecendo nas manchetes como “rolezinho” considerado um neologismo diminutivo para a palavra rolé ou rolê que até está nos dicionários, qualificado como um pequeno passeio ou volta (Oxford Languages). Os rolezinhos são marcados na grande rede e geralmente ocorrem em localidades que serão ponto de partida para algum acontecimento. Eles podem ocorrer em parques ou nas esplanadas do palácio (outro fato a lamentar, principalmente ao se comprovar que atendem ao chamado daqueles que juram a defesa da democracia).

O que é um rolezinho visto em sua real face?

Quando a coisa cai nas mãos de acadêmicos, loucos para uma subida rápida da escalada de uma educação formal, especialização, mestrado e doutorado, a coisa complica e diferentes saberes são chamados para explicar o que não tem explicação. Em primeiro lugar é  feita uma taxonomia dos participantes: alguns classificados como bonzinhos de plantão, sempre dispostos a ajudar, fazendo o bem sem saber a quem, mas que na realidade colaboram para a realização de alguma desgraça maior. Outros são colocados como pequenos ladrões de ocasião e que organizam os passeios para soltarem seu espírito agressivo para provocar tumultos que facilitam a ocorrência de furtos e agressões gratuitas. Os arrastões representam um exemplo de grande representatividade.

O aumento do efeito negativo

Parece uma trilha desenhada claramente como uma tragédia anunciada. Aos poucos de torna comum a imagem de clientes de lojas em grandes ruas de comércio ou de shopping centers escondidos no interior de lojas, enquanto gritos, atos de vandalismo gratuitos, brigas (o que é pior, muitas delas ocorrendo apenas para inglês ver, ou seja simuladas para provocar correrias) espalham muito barulho e acabam em arrastões. As agressões e ocorrências acabam não sendo registradas pelos administradores e gerentes de lojas, devido ao receio do revide, que acaba sendo certo.  Outra vertente é aquela que ocorre sendo o local uma arena para que grupos antagônicos contraponham suas forças. Pancadões, shows de funqueiros, atividades nominalmente voltadas para a cultura (pobre, mas ainda assim cultura) acabam terminando em pancadaria. A tentativa de proibir ingresso via seguranças já se revelou como algo similar ao ditado: “pior a emenda que o soneto”. O local fica marcado nas redes sociais (o nascedouro de tudo) com uma legião de haters (aqueles que apenas odeiam, sem saber a quem ou porque o fazem). Quando falamos em redes sociais, estamos nos referindo especificamente ao Facebook que ainda gasta munição para defender a liberdade de pensamento, inclusive para candidatos a genocidas por excelência. Será que ela deve ser defendida ao ponto de incentivar atividades politicamente incorretas? Não são poucas as vezes nas quais o que é marcado e assinalado como uma reunião de confraternização acaba por se transformar em grande confusão.

Alguns eventos notáveis

Há alguns exemplos que se tornaram notáveis e são citados como parte integrante de uma história na qual, em nenhuma das vezes o final tenha sido feliz. O shopping Metro Itaquera é considerado como aquele que apresenta um registro digno de nota em fato ocorrido no mês de dezembro do ano de 2013 e que reuniu 6 mil jovens reunidos por chamado efetivado nas redes sociais. Liminares tentando evitar não foram atendidas. O consumo de  bebidas e drogas, incluindo menores como participantes revelava as cores negativas de um evento, onde as risadas das pessoas mais pareciam esgares ofensivos a todos os que observavam a uma distância segura. Daí para frente abriram-se as porteiras para que tais eventos viessem a acontecer com alguma frequência. O slogan – do Brasil para o mundo – voltou a marcar mais uma atitude incorreta que teve origem nas plagas nacionais do Oiapoque ao Chuí, cobrindo toda a vasta extensão de um país que parece deitado em berço esplêndido e assim continuará. É inimaginável que muitos jornalistas ainda arrisquem seus nomes na defesa da ocorrência de tais eventos. Se estiver por perto de uma destas manifestações, seja apenas um observador e, preferencialmente distante.


Antonio Siemsen Munhoz é Doutor em Engenharia de Produção, Bacharel em Engenharia Civil, Especialista em Tecnologias Educacionais, Pós-graduado em Gestão Eletrônica de Documentos, com MBA em Design Thinking


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