Importância da comunicação no ensino e aprendizagem a distância
Venha conhecer o decálogo da comunicação no EaD. Você deve dar a ele um grande valor. O mesmo que você dá às tábuas de pedra quebradas por Moisés na cabeça dos pecadores.
Por Antonio Siemsen Munhoz
Críticas iniciais
Há uma primeira lembrança: as tábuas foram quebradas como reação à ira de Moisés pelo não cumprimento dos mandamentos. Aqui o resultado não será tão radical. Mas vontade não faltará para quem não cumprir nossas recomendações.
Avaliar programas educacionais ofertados na modalidade do Ensino a Distância é tarefa de alta importância. O resultado os coloca no pelourinho (ou picota segundo o populacho que reúne os menos favorecidos. Geralmente, sem acesso às tecnologias da informação e comunicação).
Incorreções são sempre encontradas. Elas acabam sendo utilizadas como detratação para esta modalidade. Em tempos de pandemia ela renasce das cinzas de tudo que vira commodity[1].
Desta forma ela assume, tal e qual uma Fênix, o papel de ser a tábua de salvação para muitas pessoas em situação de isolamento. As reclamações estão centradas na interação entre os agentes educacionais envolvidos e a demora nas devolutivas. É o mal de um único professor tutor atender 1.000 alunos. Se com isto é possível obter redução de custos, também se consegue reduzir a qualidade.
A aprendizagem independente como saída
Os menos preocupados acham que a aprendizagem independente resolve todos os problemas. As coisas não são bem assim. A insatisfação do aluno pode ser crítica e quebrar o ponto de equilíbrio financeiro quando a evasão cresce além do esperado. É uma luta sem quartel e sem vencedor. Todos saem perdendo. Para felicidade geral da nação existem soluções que podem ser aplicadas.
A comunicação e recomendações
Grande parte destas soluções está centrada em uma palavra chave: comunicação.
A primeira recomendação é: afaste o “fantasma da solidão”. Ele ocorre quando o aluno enfrenta sérios problemas de comunicação com outros alunos, com os professores tutores ou com a estrutura administrativa. Nesta última, é preciso evitar colocar especialistas em coisa nenhuma ou em todas as coisas: ambas as providências são pouco funcionais.
A segunda recomendação traz à tona a lembrança de um dos principais conselhos dados ao aluno: estudar no ensino e aprendizagem a distância não significa estudar sozinho. Se você não tem acesso ao ferramental tecnológico, de nada adiantarão quaisquer medidas para evitar sua insatisfação: esqueça a iniciativa ou faça algum curso de alfabetização digital.
A terceira recomendação é analisar seu comportamento em termos de comunicação social. Se você tem alguma característica que o aproxima da misantropia (que ou aquele que prefere a solidão), não tem vida social, não gosta da convivência com outras pessoas, também esqueça o EaD. Ele não foi feito para você. Só insista com a proposta ao decidir fazer um curso de comunicação interpessoal e logo depois outro de interação social.
A quarta recomendação é exigir que a instituição de ensino, por meio de seu quadro administrativo, didático e pedagógico e técnico, efetive a presença social junto ao aluno. Mercadoria em falta que apresenta elevada demanda.
A quinta recomendação reza que todos os atores envolvidos devem utilizar proposta da comunicação didaticamente guiada, como defendida por Börje Holmberg[2]. Para alunos empoderados ela representa uma ferramenta eficaz.
A sexta recomendação incentiva utilizar elevado grau de empatia. Isto insere a dimensão afetiva no processo de ensino e aprendizagem como um dos aspectos mais importantes no contexto.
A sétima recomendação indica efetivar a presencialidade combinada (todos devem ir pelo menos uma vez até a instituição de origem ou, pelo menos, ao polo de apoio presencial que a atende). Aproveite e tire uma selfie e sinta orgulho do local onde está terminando sua formação profissional.
A oitava recomendação recomenda aplicar a teoria da interação social. Você vai sentir-se como parte integrante de algo maior que você mesmo: o curso que você está fazendo na modalidade EaD.
A nona recomendação orienta no sentido de assumir uma sensação de pertencimento: sentir-se parte de algo é importante e influi no rendimento do aluno e já está parcialmente atendida se cumpriu as oito recomendações anteriores. Se não cumpriu prepare sua cabeça.
A décima recomendação orienta o conhecimento de todas as ferramentas de comunicação existentes no ambiente (e-mail, Skype, fórum, podcasts, webminários, videoconferências e o que mais for lançado na área) e participação em todas as sessões on-line, de forma proativa.
Para finalizar lembre-se que os professores tutores estão longe de serem simplesmente seus amigos e muito perto de serem, isto sim, os seus melhores amigos. Companheiros de andanças pelo virtual.
[1] produtos de qualidade e características uniformes, que não são diferenciados de acordo com quem os produziu ou de sua origem, sendo seu preço uniformemente determinado pela oferta e procura internacional.
[2] HOLMBERG, Börge. Educación a distancia: Situación e perspectivas. Buenos Aires: Editorial Kpelusz, 1985.
Antonio Siemsen Munhoz é Doutor em Engenharia de Produção, Bacharel em Engenharia Civil, Especialista em Tecnologias Educacionais, Pós-graduado em Gestão Eletrônica de Documentos, com MBA em Design Thinking